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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Werner Sombart: os judeus e a vida económica (5ª parte)


 Continuação da 4ª parte

O principio puramente capitalístico, no qual o valor de troca de uma mercadoria só importa ao capitalista, o qual não tem de dar conta da sua qualidade como bem de consumação, esse principio, dizíamos, conseguiu impor-se muito lentamente e com dificuldade, e nós temos por prova as lutas de opinião que se desenrolaram a esse propósito na Inglaterra, não mais tarde que o séc.18. É evidente que sobre esse ponto, como muitos outros, Jos. Child era oposto à grande maioria dos seus contemporâneos e mesmo dos seus colegas, quando pretendia que era aos empresários de julgar qual género de mercadoria e de que qualidade deveria ser produzida para o mercado. E ficamos com uma impressão estranha, quando o entendemos reivindicar para o fabricante o direito de produzir e de por à venda mercadorias de pacotilha. “Se nós queremos, diz ele 39, conquistar o mercado mundial, nós devemos imitar os Holandeses que fabricam as piores como as melhores mercadorias, pois é unicamente assim que nós seremos em estado de satisfazer todos os mercado e todos os gostos”.

Ao conjunto das representações que nós acabamos de esboçar o quadro, liga-se de uma maneira orgânica a ideia do justo preço, que manifestamente perdurou durante as primeiras fases da época capitalista. O preço não é uma coisa que o primeiro sujeito económico a surgir possa manobrar à sua vontade. Como todo o processo económico, a formação dos preços é subordinada às leis supremas da religião e da moral. O preço deve ser estabelecido, de maneira a que estejam salvaguardados tanto os interesses do produtor, do comerciante e do consumidor. E o estabelecimento do preço que satisfaz esta condição depende, não do arbitrário individual, mas de certas normas objectivas. Quais são essas normas e onde temos de as ir buscar ? Esta questão recebeu ao longo dos séculos as respostas mais variadas. Segundo a maneira de ver da idade-média, tal e qual nós a encontramos ainda em toda a sua pureza em Lutero, o montante do preço devia ser estabelecido segundo os gastos e o trabalho que a fabricação de uma mercadoria tivesse custado ao produtor (ou comerciante) : o preço, podemos dizer, era estabelecido com base nos gastos de produção. Mas sob a influência da extensão das relações comerciais, e mais particularmente a partir do séc.16, as ideias sobre o justo preço sobrem uma profunda modificação e ficam cada vez mais dependentes das variações e oscilações do mercado. Saravia della Calle, que jogou, sob o meu ponto de vista, um papel dos mais importantes no desenvolvimento da teoria dos preços, já deduz sem reservas o justum pretium daquilo a que chamamos hoje a relação entre a oferta e demanda 40. Mas seja como for, o que importa, é que o preço é concebido como algo não influenciável pelo arbitrio individual e cuja formação obedece a normas objectivas, obrigatórias para todos. Tal é ainda a maneira de ver dos escritores do séc.17 : os Scaccia, os Straccha, Turri, etc. E a necessidade objectiva que preside à formação dos preços é de ordem moral (e não, como se fará mais tarde, de ordem “natural”) : o indivíduo não deve (mais tarde dizer-se-à pelo menos : “não deveria”, “não pode”) estabelecer os preços arbitrariamente.

A atmosfera geral criada pela obediência a esses princípios era, durante as primeiras fases do capitalismo, aquela de uma vida calma, isenta de imprevistos. A estabilidade, o tradicionalismo, tais eram ainda as características de toda essa época. O indivíduo, mesmo enquanto se ocupava de negócios, não estava ainda perdido no barulho e frenesim dos negócios. Ele era ainda mestre de si mesmo. Ele conservava ainda a dignidade de homem livre e recusava-se a sacrificar o melhor de si mesmo em busca de benefícios. Uma espécie de honra pessoal manifestava-se ainda nas relações de negócios. Para tudo dizer em uma só palavra, o comerciante ainda tinha postura. Isto é naturalmente ainda mais verdade na província que nas grandes cidades, centros do capitalismo em vias de desenvolvimento. Um bom observador da sua época insiste com força sobre o “tom honroso e altivo dos negociantes da província41. Nós vemos claramente à nossa frente o comerciante ao velho estilo : um pouco rígido e rústico, vestido com os seus calções e casaco longo, penteado com uma peruca, ele anda calmamente, consciente da sua dignidade, habituado que está em fazer os seus negócios sem grande esforço cerebral e sem muito zelo, a servir uma clientela que conhece de longa data, cujos gostos e necessidades não lhe reservam nenhuma surpresa, o que lhe permite ganhar a sua vida sem precipitação e sem pressas.

Considera-se hoje que um homem é tanto mais ocupado quanto mais os seus negócios sejam prósperos e o vejamos mais apressado e importunado. Ora, no séc.18 ainda, os homens apressados, correndo a toda a velocidade eram, ao contrário, considerados como desorientados : o homem verdadeiramente ocupado caminha com um passo medido. Mercier tinha pedido, em 1778, a Grimold de la Reynière, o que ele pensava dos negociantes de Lyon, este deu-lhe esta resposta infinitamente interessante e que pinta de um só traço toda uma época 42: “Em Paris corremos, estamos apressados, porque somos ociosos ; aqui nós caminhamos calmamente, porque estamos ocupados”.

Podemos perfeitamente fazer entrar nesta categoria o piedoso não-conformista, o Quaker, o Metodista, que nós consideramos de livre vontade como o primeiro representante das ideias capitalistas. Cheio de dignidade, cheio de postura, ele segue o seu caminho ; como na sua vida interior, ele deve observar a medida na sua conduta exterior. “Caminha silenciosamente, sem fazer barulho com os teus pés”, diz um mandamento da moral puritana 43. “O crente tem, ou deveria ter, e, se ele é verdadeiramente crente, ele deve ter uma atitude bem medida e ficará na sua viatura com pose e elegância44.

Notas:

39. Josiah Child, A New Discourse of Trade, 4th ed., p. 159.
40. Such teaching is met with as early as the later 16th century. Saravia della Calle, whom I regard as of supreme importance in the history of the theory of just price, goes so far as to deduce it from the relationship of supply and demand. His work, together with that of Venuti and Fabiano, is printed in the Compendia utilissimo.
41. (Mercier) Tableau de Paris, vol. 11 (1788), p. 40.
42. “A Paris on court, on se presse parce qu’on y est oisif; ici l’on marche posément, parce que l’on y est occupé.” Quoted by J. Godard, L’Ouvrier en Sole, vol. 1 (1899), pp. 38–9.
43. Memoirs of the Rev. James Fraser, written by himself. Selected Biographies, vol. 2, p. 280; Durham’s Law Unsealed, p. 324, quoted by Buckle, History of Civilization, vol. 2, p. 377.
44. Durham’s Exposition of the Song of Solomon, quoted by Buckle, loc. cit.

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Partes 1 a 5 em versão pdf para descarregar:

https://drive.google.com/file/d/0B2kgizPDAAx0RHBLLXZoU21zM0E/view?usp=sharing
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4 comentários:

  1. Partes 1 a 5 em versão PDF :

    https://drive.google.com/file/d/0B2kgizPDAAx0RHBLLXZoU21zM0E/view?usp=sharing

    Aconselho a leitura deste grande génio alemão, de uma precisão incrível. Ficamos a compreender um pouco, aliás, muito, da maneira como o judeu vai impregnar toda uma época com o seu espírito parasita e vai destruir toda a harmonia laboral, comercial, social, que se viveu desde a idade-média até meados do séc.18.

    Espero terminar o resto, lá para os lados do principio de Abril, mais ou menos. O essencial é esta magnifica obra estar disponível em pt/br sem pagar somas astronómicas. Aqui é de borla, o judeu não leva nem um tusto.

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    1. "O principio puramente cabalístico ... o qual não tem de dar conta da sua qualidade como bem de consumação, esse principio ... conseguiu impor-se muito lentamente e com dificuldade." Esse breve relato é muito profundo quando analisado com calma, e mostra o altíssimo nível dos povos guiados pela moralidade Cristã de outrora.

      Hoje, nos mostram como se o comércio e indústria sempre fossem como são no presente tempo. É uma trollagem só. Não é por menos que andam espaventados com os revisionistas fazendo até reuniões conclamando todas as criaturas dos submundos do planeta para censurá-los.

      "Quem vive da mentira deve temer a verdade!"
      - Friedrich Christian, Príncipe de Schaumburg Lippe

      Cobalto

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    2. «Hoje, nos mostram como se o comércio e indústria sempre fossem como são no presente tempo.»

      Verdade. Esta ciência económica de agora, é baseada no raciocínio humano, na usura talmúdica, portanto falha, instável para quem tem de a subir, mas muito lucrativa para aqueles que estão por detrás.

      Outrora ela era baseada na moral oriunda da crença cristã. Uma economia justa, com um trabalho digno e justo, com um preço justo, não havia nada de especulações e era mesmo impossível especular.

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  2. Por que se desenvolveu a ciência no Ocidente?

    A ciência desenvolveu-se no mundo ocidental por três razões:

    1. Porque a natureza se desviou da significação mitológica, tal como existe no Oriente, onde se mistura o animismo com o politeísmo e o panteísmo. E a ciência só pode desenvolver-se apenas quando a Natureza é estudada como Natureza.

    2. Porque o pensamento ocidental aplica à Natureza dois princípios básicos da razão: a causalidade e a uniformidade. Estas constituem a base de toda a ciência.

    3. O Cristianismo, acentuando a disciplina, a razão e o valor da Natureza, como tal, tornou-se a rocha em que a ciência empírica se fundamenta. A ciência nasceu e pode desenvolver-se apenas numa civilização cristã. O Oriente, sem este fundamento, nunca se tornará científico. O pensamento oriental dá pouca importância à causalidade e está muito mais relacionado com a sensação, as emoções, a consciência e a inconsciência [exemplo: Budismo e Hinduísmo], em que tudo principia a aglutinar-se e a fundir-se numa unidade.

    Mons. Fulton Sheen in «Aprendei a Amar».

    Fonte: http://accao-integral.blogspot.com.br/2016/02/porque-se-desenvolveu-ciencia-no.html

    A Igreja Católica: Construtora da Civilização (Completo e Legendado):
    https://www.youtube.com/watch?v=ng8dume3V6k

    E em livro:
    http://igreja-civilizacao.blogspot.com.br/p/livro-como-igreja-catolica-construiu.html

    Cobalto

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