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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

A morte pela divida!

Foi um pesado erro de consequências exigir á Républica de Weimar o reembolso das suas dividas, no momento em que a Alemanha estava precipitada num primeiro tempo na hiperinflação e depois a depressão, nos fins dos anos 1920 e principio dos anos 1930. Os dirigentes alemães da época bem defenderam a sua causa desesperada junto dos americanos, que consentiram uma certa moratória no reembolso de sua divida. Tarde demais porque o desemprego massivo, o colapso do sistema bancário em 1931 e o fecho dos bancos (como na Grécia) resultaram nos actos de Janeiro 1933.

Foi igualmente um erro pesado de consequências exigir o pagamento integral da divida russa em 1992, quando Yeltsin tentava gerir de alguma forma os escombros de uma economia soviética em ruína. Instabilidade política, fragilização económica extrema, corrupção e, resumindo, perda de confiança na recém-nascida democracia russa foram os efeitos colaterais previsíveis da intransigência ocidental. A debandada de Weimar, a instabilidade político-económica russa dos anos 1990 e mesmo actualmente, tudo como a onda nacionalista alemã dos anos 1930 e russa destes últimos 20 anos são o resultado de um princípio absurdo segundo o qual a dívida deve ser integralmente reembolsada.

Como demolir o diktat desta ortodoxia sufocante que não consegue decididamente admitir que, combinado com deficiências estruturais, a carga substancial de uma divida obriga uma nação e sua sociedade ir para o abismo? Pois, com o desemprego em torno dos 30%, desemprego jovem superior a 50%, um PIB em queda de 30% e o colapso dos seus bancos, a Grécia de hoje já passou além do seu ponto de ruptura. Como é que se faz, então, que a esmagadora maioria dos nossos líderes políticos e economistas actuais é ignorante e desprovida de qualquer sentido histórico? Á imagem desta Alemanha de Brüning  do início dos anos 1930, uma Grécia que forçaremos a mais austeridade e mais privação é inevitavelmente condenada ao colapso. Mais nenhum governo eleito democraticamente irá durar neste Grécia encurralada num canto, onde - após a eleição do Syriza em Janeiro e o referendo em Junho - a população agora sente que o seu voto é inútil.

Neste contexto nauseabundo, quem ficará surpreendido amanhã de um golpe de Estado militar num país e num povo que já não acredita em nada? A quem continuemos a garantir que a nossa generosidade atingiu o seu limite ... quando o nosso dinheiro tem sido usado principalmente para nos salvar! O primeiro plano de resgate de 100 mil milhões de euros (em 2010) não era destinado a pagar as dívidas devidas aos bancos alemães e franceses? O mesmo vale para o segundo, terceiro e actuais pacotes postos em prática para reembolsar mais uma vez os credores estrangeiros. Os contribuintes alemães - a quem o seu governo continua a desinformar - terá ele a consciência de que a esmagadora maioria dos fundos disponibilizados para a Grécia não beneficiarão em nada a reforma da sua economia nem a cobertura de sua urgência social e humanitária?

Portanto um quinto e mais tarde outros planos são a programar, á medida da agonia das PME e dos bancos gregos. É a Grécia em morte cerebral? Pouco importa: a Alemanha populista e mercantil de hoje mantém no entanto a respiração artificial com resgates desnecessários. Uma Grécia no euro conduzirá inevitavelmente a um enfraquecimento adicional da moeda única que beneficiará mais e cada vez mais ás exportações alemãs.

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