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domingo, 25 de outubro de 2015

Invasão migratória - crónicas da Alemanha: a crise dos refugiados toma contornos politícos (4ª parte)


Face á crise dos refugiados, a estratégia desenvolvida pelo governo alemão aparece claramente e a questão que se põem hoje os alemães não seria: "Angela Merkel, será chanceler até ao 31 de Dezembro ?" Polemia

• Bricolar a crise e engraxar: preservar o partido, a União, a coligação.


Em primeiro lugar, tudo consiste a expor e consolidar um partido e uma união que se desacordam, evitando tanto quanto possível a fuga de eleictores e eleitos.

Crise de refugiados: Merkel chama um dos signatários da carta de advertência. (Frankfurter Allgemeine Zeitung 23/10)

A chancelaria federal, inesperadamente tomou contacto com um dos conselheiros territoriais de Rhénanie do Nord-Westphalie signatários da carta de advertência que ela recebeu sobre a crise de refugiados. Merkel recebeu também, vindo do Bundesland, correio de companheiros do partido, visivelmente preocupados.

• Estratégia declaratória, o chamariz: convencer o "deutscher Michel".


Em segundo lugar tenta-se convencer os cidadãos comuns que o poder político está lá para os proteger, e deportar o mais rapidamente aqueles que não podem, devido aos seus países de origem - países considerados seguros - ou por crimes ou delitos que eles cometeram e pretender ao asilo político.

O coordenador para os Refugiados, Peter Altmaier, promete expulsões mais rápidas. (Frankfurter Allgemeine Zeitung 23/10)

Peter Altmaier, coordenador da chancelaria federal para os refugiados, declara que as autoridades querem melhorar rapidamente na execução de expulsões. É por isso que o novo direito de asilo poderia mesmo entrar em vigor rapidamente. [NdT- Ele estará em vigor no dia seguinte 24/10, uma semana mais cedo do que o previsto]

Expulsão de refugiados: o conto de fadas da Transall. (Frankfurter Allgemeine Zeitung 23/10)

Os refugiados podem no futuro ser expulsos com o Transall, muitos jornais o noticiaram. Os Länder e o governo federal tê-lo iam discutido. A história de um plano que nunca foi um plano.

Thomas de Maizière: a coaliçãoão concorda sobre as "zonas de trânsito". (Handelsblatt 23/10)

Os detalhes ainda estão em aberto, mas a coligação concordou: as "zonas de trânsito" serão implementadas, afirma o ministro do Interior Federal Thomas de Maizière. O Vice-chanceler Sigmar Gabriel fica no seu "não".

[NdT- na noite de 23 de Outubro, evocava-se na rádio um acordo mínimo sobre o registo de refugiados á entrada no território alemão; a expressão "zona de trânsito" desapareceu dos discursos dos Ministros do Interior (CDU) e da Justiça (Maas, SPD); a Chancelaria nunca fez mistério do seu cepticismo sobre esta disposição, que, no entanto, ela discutiu em Bruxelas]

• A repressão, o chicote: isolar a dissidência, impedir que o "deutscher Michel" se una á dissidência.


Em terceiro lugar, tudo consiste, para o clássico "reductio ad Hitlerum" para rejeitar para o abismo tudo o que possa ser ligado de uma forma ou de outra, à galáxia "xenófoba" PEGIDA, LEGIDA, AfD, etc., e a advertir, com palavras doces e veladas, os cidadãos comuns - designados pela expressão "besorgte Bürger", cidadãos inquietos - do risco em que incorrem se associarem a certas manifestações ou actividades.

Crítica de TV Maybrit Illner: A caça ao inimigo político começou. (Frankfurter Allgemeine Zeitung 23/10)

Agora, a crise de refugiados, já não é uma questão de facto. Como demonstrado pela emissão de Maybrit Illner, do 22/10, ela é utilizada, bem mais, para a caça ao inimigo político.

Crise de refugiados: dois anos de prisão por incitamentos ao ódio no Facebook. (Frankfurter Allgemeine Zeitung 22/10)

No seu perfil do Facebook, ele clamava em "colocar Merkel no espeto." Por isso, um homem de 31 anos foi condenado à prisão.

O ministro da Justiça Maas: a violência xenófoba é uma vergonha para o nosso país. (Francfurter Allgemeine Zeitung 21/10).

O Ministro da Justiça Heiko Maas declara aplicar a lei com toda a sua dureza contra os autores de actos de violência xenófoba. Ele reagiu assim a um relatório do Ofício Federal Criminal (BKA), que advertiu contra os atentados visando refugiados e homens políticos.

De acordo com o especialista em extremismos Funke: "Há elementos suficientes a carácter xenófobo para interdir PEGIDA". (Frankfurter Allgemeine Zeitung 21/10)

Os discursos de ódio e a atmosfera xenófoba durante as manifestações do PEGIDA e no Web não inquietam unicamente o ministro do Interior Thomas de Maizière. Numa entrevista á FAZ.NET, o pesquisador e especialista em extremismos Funke evoca mesmo o fim da República de Weimar.

Segundo o presidente da Conferência dos Ministros do Interior (IMK) Lewentz, "o Verfassungsschutz [órgaõ de protecção da Constituição] deve vigiar o PEGIDA". (Frankfurter Allgemeine Zeitung 21/10)

O ódio dos simpatizantes do PEGIDA poder-se ia propagar, teme o presidente da Conferência de Ministros do Interior. No entanto, o ministro do Interior da Rhénanie-Palatinat vê poucas chances de que o movimento seja proibido.

Alternative für Deutschland (AfD): o SPD e o Die Linke estão a empurrar o AFD para o mesmo mundo dos nazistas. (Handelsblatt 23/10)

O facto é que os dirigentes do AfD tomaram as suas distancias com Höcke, o seu representante no parlamento regional da Turíngia, não se inquieta muito com os partidos estabelecidos. O vice-chanceler Gabriel considera o partido como "abertamente da direita radical".

Segundo Sigmar Gabriel, "o AfD e o NDP tentam excitar as multidões." (Handelsblatt 23/10)

A polícia impediu vários atentados da direita radical. A pressão aumenta. Sigmar Gabriel sabe-o, e fala sobre o AfD como de uma "abertamente da direita radical".

• Mas a crise continua


Crítica de TV Maybrit Illner: á busca dos responsáveis. (Frankfurter Allgemeine Zeitung 16/10)

O debate sobre o direito de asilo com Maybrit Illner mostra refugiados que se fartam e responsáveis políticos municipais completamente ultrapassados. Dada a situação, uma nova pergunta surge: Angela Merkel será ela ainda chanceler no Natal?

A CDU na crise dos refugiados: as dúvidas sobre a chefe aumentam. (Frankfurter Allgemeine Zeitung 22/10)

A queda livre da política de refugiados de Angela Merkel provoca tensão no seio da União. Muitos membros já temem pela sua reeleição - e colocam sua esperança em Wolfgang Schäuble. A razão?

Refugiados dos Balcãs Ocidentais: haverá brevemente menos ? (Frankfurter Allgemeine Zeitung 22/10)

Algumas semanas atrás, dizia-se que o número de migrantes vindos dos estados dos Balcãs estava a diminuir. Mas as aparências enganam. Há uma continuação duradoura só no caso do Kosovo.

O que é o Direito? Protejam as nossas fronteiras! (Handelsblatt 23/10)

A crise dos migrantes vira em drama histórico. Chegam cada vez mais massas de imigrantes cada vez mais numerosas. Este fim de semana, uma cimeira extraordinária da UE deverá discutir medidas de emergência. É hora de bloquear fronteiras.

Crise dos refugiados: Palmer é de novo cortejado pelo AfD. (Frankfurter Allgemeine Zeitung 22/10)

O presidente da câmara de Tübingen, Palmer, mantém as suas declarações controversas sobre a crise dos refugiados: "A chanceler não posso dizer o tempo todo «Wir schaffen das» e não fazer nada", declara o homem político ecologista. O AfD oferece-lhe asilo político.

Crise dos refugiados na Europa: a Suécia está a fogo. (Handelsblatt 23/10)

Longo tempo, a Suécia acolheu generosamente refugiados. Mas agora o país não pode mais e a opinião retorna-se - com vários problemas e um ataque a caractere racista. O governo recolhe as consequências.

Refugiados na Suécia: os limites de uma grande potência. (Frankfurter Allgemeine Zeitung 23/10)

Se nos referirmos à sua população, a Suécia acolhe um número muito maior de refugiados do que a Alemanha. No entanto, para o governo social-democrata, os limites do possível foram atingidos.

Conselhos da Croácia: "Vocês inquietam-se por nada. Deixem passá-los. "(Die Welt 23/10)

Sem fazer pausa, eles rapidamente procuram chegar á Alemanha: 14.000 refugiados, um novo recorde, chegaram esta sexta-feira á Eslovénia. A Croácia recomenda aos seus vizinhos "um pouco mais de racionalidade."

Um contribuinte residente na Alemanha,
grande leitor da imprensa local.
2015/10/23
Artigo aparecido no 24/10/2015, traduzido e reproduzido a partir do site Polemia.com

Imagem: descolagem de um Transall. O Transall com os seus 60 lugares assentados é um meio ridículo para expulsar o número de "refugiados" indesejáveis.

1ª parte e 2ª parte e 3ªparte

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NdT: o "NdT" que aparece no artigo é da pessoa que traduziu os títulos dos jornais alemães para o francês.

A repressão e o autoritarismo tirânico é o único meio que o governo Alemão tem para tentar fazer calar os grupos "politicamente incorrectos". Mesmo os jornais alemães noticiam o grande desastre da Suécia no que respeita á imigração. Essa treta de "expulsar" refugiados, é só para inglês ver. Significa antes "trazer mais e mais clandestinos".  Espero bem que os alemães não caiam na ratoeira. 

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